Plenaristas/Palestras

Conferência de abertura: Saberes ancestrais e os Animais

Timóteo Popygua

Liderança da Aldeia Guarani Mbya Takuari, no Vale do Ribeira, São Paulo. É coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa. Atua pelo direito de seu povo, os Mbya Guarani, a seu território tradicional que é composto por seis estados entre as regiões sul e sudeste. Para ele, ter acesso ao território é lutar pelo bem mais precioso, a VIDA, além de garantir o futuro das crianças Guarani. Por isso, ele orienta os jovens a manter a língua, a tradição, a cultura, mas não misturar conhecimento guarani com juruá (não-indígena), pois o último educa as crianças pro mundo do mercado e o primeiro as educa para representarem seu povo. Para ele, respeitar a natureza significa desenvolvimento e melhor ainda que desenvolvimento sustentável – como nós usamos – ele prefere o termo envolvimento sustentável.

Fonte: https://pib.socioambiental.org/pt/%22Em_vez_de_desenvolvimento,_envolvimento%22 

Fonte da foto:

https://www.al.sp.gov.br/alesp/banco-imagens/detalhe/?id=166744

Resumo: Será trazida a visão ampla sobre a terra onde vivemos a partir do conhecimento ancestral do povo Guarani, que está espalhado pelas regiões Sudeste/Sul do Brasil e em outros países, como Paraguai, Uruguai e Argentina. Faz parte do modo de ser deste povo perceber e observar o crescimento das plantas e animais em alinhamento com o sol, as estrelas e as fases da lua, e daí extrair o conhecimento. Percebendo o fluir das águas, dos ventos e das florestas como entidades que respiram e se comunicam, desenvolvem um modo de viver intimamente ligados ao respeito à natureza. Para os povos originários, na terra há espaço para cada um e para todos, sejam humanos ou não, e é necessário considerarmos o direito de todos os seres de estarem em paz em seus habitats, construindo uma harmonia. Isso é ensinado às crianças: há sempre uma preocupação com respeito à harmonia da natureza e o cuidado. Xeramõe Timóteo trará seus ensinamentos para a comunidade científica interessada na promoção da conservação e compreensão do comportamento animal.

Plenária 1: Por uma Etologia Decolonial: a perspectiva de uma pesquisadora latino-americana

Patrícia Izar 

Graduada em Ciências Biológicas (1990), mestre (1994) e doutora (1999) em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP). Professora Associada 3 do Instituto de Psicologia da USP (IPUSP), bolsista de produtividade 1B do CNPq, Coordenadora da Comissão de enfrentamento à violência sexual e de gênero do IPUSP e Vice-Presidente da Sociedade Internacional de Primatologia. Tem experiência na área de Estudos Naturalísticos do Comportamento Animal, atuando especialmente com socioecologia de primatas neotropicais, desenvolvimento, análise de redes sociais, psicologia evolucionista, cognição de primatas. Docente do IPUSP, presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, Editora das revistas Beharioral Proccess, International Journal of Primatology, coordenadora da Comissão contra Discriminação, Assédio e Violência contra Mulheres e Gêneros do IPUSP.

Fonte: http://lattes.cnpq.br/5453327164161334

Resumo: O percurso da pesquisadora na Etologia tem sido o da primatologia de campo, portanto orientado principalmente por teorias das ciências biológicas, nas quais a discussão acerca do predomínio cultural da agenda de pesquisa europeia e americana sobre a ciência é mais tardia e menos difundida do que nas ciências humanas. Em geral, a Etologia e a Primatologia replicam outras disciplinas biológicas ao considerar que uma pesquisa de alta qualidade resulta principalmente das análises objetivas e imparciais feitas nas universidades sobre dados observados na “natureza”. Nessa visão, assume-se que o conhecimento científico resulta do esforço intelectual imparcial dos acadêmicos, desconsiderando vieses culturais e a expertise de colaboradores de campos. Nesta contribuição, Patrícia Izar procurará desconstruir essa visão a partir de suas experiências como mulher na primatologia de campo, envolvendo a contribuição fundamental de indivíduos de comunidades locais empregados como assistentes de campo para a construção deste percurso.

Plenária 2: Coexistir para Preservar: Elefantes do Parque Nacional da Gorongosa

Dominique Gonçalves

Dominique Gonçalves é uma ecóloga moçambicana fundadora do Programa de Ecologia de Elefantes no Parque Nacional da Gorongosa. É bióloga pela Universidade de Kent e possui mestrado em Biologia da Conservação no Instituto Durrell de Conservação e Ecologia (DICE) da Universidade de Kent. Atualmente, atua como gerente do Projeto de Ecologia de Elefantes, no qual investiga o movimento de elefantes e a expansão do alcance em relação ao uso do habitat e ao Conflito Homem-Elefante (HEC).

Fonte: https://gorongosa.org/dominique-goncalvez/

Resumo: A pesquisadora compartilhará conhecimentos sobre seu trabalho em um parque de história relativamente recente, trazendo o relato do trabalho que vem sendo realizado com elefantes. Ela considera que, em uma área protegida, nenhum organismo pode ser concebido isoladamente e a investigação que realiza para compreender a ecologia dos elefantes tem permitido saber mais sobre o tênue equilíbrio entre seres humanos e animais. Assim, percebeu que não era possível criar “ilhas de conservação”: era preciso envolver a comunidade para conseguir sucesso na promoção da coexistência entre as diferentes espécies habitantes daquele espaço, com consequente mitigação de problemas advindos de desequilíbrios ecológicos. Então, foram organizadas ações educativas e inclusivas, como o “Clubes das Raparigas”, um programa pós-escolar desenhado para as meninas que vivem próximo ao parque com o objetivo de mantê-las na escola, incentivando a concluir os estudos, adiar a gravidez e acabar com os casamentos infantis.

Plenária 3: Dominus dixit (O olho do mestre engorda o conhecimento)

Hector Ricardo Ferrari

Graduado em Ciências Biológicas, mestre em Antropologia pela Universidade de Córdoba (2006) e doutor em Ciências Naturais pela Universidad de La Plata (UNLP) (1999). É Professor Adjunto de Etologia na Faculdade e Museu de Ciências Naturais (UNLP) e de Bem-estar na Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidad de Buenos Aires (UBA). Suas áreas de investigação principais são: bem-estar animal, agressão, evolução e complexidade. 

Fonte: http://epg.agro.uba.ar/hector-ricardo-ferrari/

Resumo: Habituados a ver o colonialismo como um sistema de exploração, onde a partir de algum tipo de assimetria, uns grupos exploram os outros e os ambientes que habitam, por vezes escapa-nos que enquanto sistema, é coerente nos seus diferentes níveis de organização. Sua marca está até mesmo em seus produtos. O que chamamos de conhecimento científico, por exemplo, é um desses produtos, que ao mesmo tempo reproduz partes inteiras (às vezes todas) do sistema. Baseia-se também em assimetrias, e a principal, perdida na origem, é aquela que separa o humano… do outro. Esse discurso tem a possibilidade de se reformular? Ou deve ser abandonada sem mais delongas, porque contém a semente que mais cedo ou mais tarde dará origem à árvore? (Afinal, é um fruto). Trata-se de abolir a assimetria, não de implementá-la de maneira diferente. Proponho aqui que a partir da Etologia é possível propor uma reformulação, ao menos paliativa, que nos tire do papel de dominus e nos torne iguais aos outros.

Plenária 4: A complexa vida social dos cães urbanos de rua

Anindita Bhadra 

Graduada (1999) e mestre em Zoologia pela Calcutta University (2001), e doutora em Comportamento Animal pelo Instituto Indiano de Ciências (2008). Professora Associada 3 do Departamento de Ciências Biológicas do Instituto Indiano Kolkata Para Educação Pesquisa da Ciência. Trabalha com ecologia comportamental dos cães indianos de raça livre, utilizando-os como um modelo para compreender a evolução da relação cão-humano na natureza, através de investigações sobre agressão, acasalamento, cuidados parentais, forrageamento e organização social. 

Fonte: https://www.iiserkol.ac.in/web/en/people/faculty/dbs/abhadra/#gsc.tab=0

Resumo: Os cães têm uma longa história de coexistência e co-evolução com os humanos. Antes de serem transformados em animais de estimação e criados para o nosso prazer, eles se aproximavam das concentrações humanas, dependendo das pessoas para se alimentar, mas levando suas vidas independentes, e no Sul Global, eles continuam a fazê-lo. Serão abordados aspectos da etologia, ecologia e habilidades cognitivas de cães de vida livre que os ajudam a navegar na paisagem urbana dominada pelos humanos.

Sobre

O EAE 2023 é o XL Encontro Anual de Etologia. Neste ano, o evento será sediado na cidade de São Paulo – SP, entre os dias 30/10/2023 e 01/11/2023, tendo como tema “Decolonizando a Etologia: um convite para novos caminhos”.

Endereço

Av. Professor Mello Moraes, 1721, Butantã, São Paulo – SP

Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

Contato

encontroanualdeetologia2023@gmail.com

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